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"O vazio absoluto existe em alguma parte no espaço universal?
Não, nada é vazio. O que imaginais como vazio é ocupado por uma matéria que escapa aos vossos sentidos e aos vossos instrumentos."

(Questão 36 do Livro dos Espíritos)

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

MOMENTOS HISTÓRICOS DA PESQUISA CIENTÍFICA ANTE A PERSPECTIVA ESPÍRITA


Por: Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

A tecnologia está tão presente na vida cotidiana que não imaginamos o mundo sem a sua contribuição. Seja na informática (computadores), na telecomunicação (aparelhos celulares), na genética (pesquisas com células tronco), na biotecnologia (transgênicos), nas conquistas espaciais. A Ciência, propriamente dita, é uma conquista recente; não ultrapassa a três séculos, embora seus primeiros ensaios tenham começado na Grécia dos áureos séculos VI, V, IV a.C. Temo-la representada por Arquimedes, em cujas pesquisas deram base para a mecânica, por Pitágoras de Samos, por Tales de Mileto, por Euclides de Alexandria, no desenvolvimento da matemática e da estruturação numérica.

Encontramos na Escola Jônica pesquisadores como Leucipo, Demócrito e Empédocles que explicaram os fenômenos naturais calcados na redução da matéria aos elementos físico-atômicos, expressando o mais avançado materialismo(1). Destacamos o filósofo Sócrates que superou em inteligência o seu professor Anaxágora , legando para a humanidade discípulos da envergadura intelectual de Antístenes, Xenofonte e Platão. No contexto, Aristóteles forçou explicar os fenômenos astronômicos sob o viés do geocentrismo cosmológico de Eudoxo (ex-aluno de Platão), em contraponto a Aristarco que caminhou pela instigante tese do heliocentrismo.

Um milênio após essas apoteóticas realizações gregas, ocorreu, na Europa, a desagregação do Império romano, no século V, e a liderança cristã surgiu como elo de agregação dos “bárbaros invasores” e se transformou em Igreja soberana absoluta dos destinos “espirituais” no Ocidente. Nas suas hostes se destacaram pensadores quais Clemente, Orígenes, Tertuliano, Agostinho, ambos retomaram a filosofia platônica e contribuíram para a sustentação de uma ética rígida sob os auspícios da mística transcendente.

No século IX, o imperador Carlos Magno incrementou as bases culturais fundando escolas e templos, e, a partir do século XI, são disseminadas, na Europa, universidades que se tornaram núcleos de reflexões filosóficas. No século XIII, Tomás de Aquino se destacou, propondo a síntese do cristianismo vigente com a visão aristotélica do mundo. Em suas duas Summae(2), sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de então. No século XIV, a Igreja romana, sob os guantes tomasistas, entronizou uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundiram numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo ao Criador. A tese de Aquino afirmava que não podia haver contradição entre fé e razão e estabeleceu o pensamento filosófico-teológico manifesto na truculenta filosofia do “Roma locuta causa finita”.
Durante os séculos XV e XVI, intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. Enquanto nos séculos anteriores a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), a partir dos séculos XV e XVI, o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo). Os pensadores criticaram e questionaram a autoridade dessa autoritária Igreja romana. Nessa conjuntura a apropriação do conhecimento partia da realidade observada pela experimentação, pela constatação, e, por fim, pela teoria, decorrendo uma ligação entre ciência e técnica. No século XVII, a primeira grande teoria que se tem notícia na moderna ciência versou sobre a gravitação universal elaborada por Newton, desmembrada das leis dos movimentos planetários de Kepler e na Lei de Galileu sobre a queda dos corpos.
No século XX, Albert Einstein propôs a teoria da relatividade e outros pressupostos das teses newtonianas sobre a gravitação universal, chegando a conclusões inusitadas na abordagem sobre as realidades do micro ou do macrocosmo, sobretudo no que reporta a tempo e espaço na dimensão material. Até então, a física tradicional era considerada a chave das respostas da vida no mundo palpável, estribada no determinismo mecanicista. Todavia, na década de 1920, as pesquisas de Brooglie, Bohr, Plank, no universo da física quântica, redirecionaram o pensamento científico na formulação heisenberguiana do “princípio da indeterminação ou da incerteza” e com ele irrompeu-se um “irracionalismo” na ciência redimensionando a distância do homem das realidades naturais da vida.
O pesquisador não podia mais afirmar que nada existia na vida que a ciência não explicasse e que todas as coisas, fenômenos e ocorrências poderiam ser esclarecidos através de causas materiais. Em meio a essas trajetórias históricas, surge, no cenário terrestre, no século XIX, a personalidade luminosa de Allan Kardec, que, inspirado pelos Benfeitores do Além, sentenciou: “Fé verdadeira é a que enfrenta frente a frente a razão em qualquer época da humanidade”, esclarecendo os enigmas que desafiavam as inteligências daqueles mesmos que confiavam nos determinismos tecnicista do nec plus ultra acadêmico.
Quem somos? Por que nascemos? Donde viemos e para onde vamos após a desencarnação? Eram questões que o racionalismo acadêmico não respondia na época. O Espiritismo surgiu num momento de descobertas científicas e desequilíbrios morais, trouxe luz à própria razão que estava nublada momentaneamente pelos excessos dos seus arautos. Os primórdios da investigação científica tiveram início com a revolta contra a intolerância e o dogmatismo religioso, mas a arrogância do racionalismo fê-la camisa de força do conhecimento, arremessando-a nos mesmos descaminhos trilhados pelo agressivo e alienante dogma da Igreja.
O mestre de Lyon afirmou em outras palavras que “o Espiritismo independe de qualquer crença científica ou religiosa e não propõe fora do Espiritismo não há salvação; tanto quanto não pretende explicar toda verdade, razão pela qual não propôs - fora da verdade não há salvação”(3). Os preceitos kardecianos consubstanciam-se no manancial mais expressivo das verdades eternas. A missão da Doutrina Espírita perpassa pelo processo de reerguimento do edifício desmoronado da crença cristã.
Distante dos conflitos ideológicos, resultantes de batalhas estéreis no campo intelectual com o objetivo de endeusar o racionalismo para justificar “certezas” das chamadas ciências “exatas”, a lição espírita, como ciência da alma, representa o asilo dos aflitos que ouvem aquela misericordiosa exortação do Mestre: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Porém, para que sejamos consolados, urge estarmos dispostos acompanhar o Cristo tomando-Lhe a cruz e seguindo Seus passos.


Fonte:
(1) O materialismo teve seu berço na escola dos Charvacas, na Índia.
(2) São elas a Summa Theologiae e a Summa Contra Gentiles
(3) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, cap 15 item 9

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

MOMENTOS HISTÓRICOS DA PESQUISA CIENTÍFICA ANTE A PERSPECTIVA ESPÍRITA


Por: Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

A tecnologia está tão presente na vida cotidiana que não imaginamos o mundo sem a sua contribuição. Seja na informática (computadores), na telecomunicação (aparelhos celulares), na genética (pesquisas com células tronco), na biotecnologia (transgênicos), nas conquistas espaciais. A Ciência, propriamente dita, é uma conquista recente; não ultrapassa a três séculos, embora seus primeiros ensaios tenham começado na Grécia dos áureos séculos VI, V, IV a.C. Temo-la representada por Arquimedes, em cujas pesquisas deram base para a mecânica, por Pitágoras de Samos, por Tales de Mileto, por Euclides de Alexandria, no desenvolvimento da matemática e da estruturação numérica.

Encontramos na Escola Jônica pesquisadores como Leucipo, Demócrito e Empédocles que explicaram os fenômenos naturais calcados na redução da matéria aos elementos físico-atômicos, expressando o mais avançado materialismo(1). Destacamos o filósofo Sócrates que superou em inteligência o seu professor Anaxágora , legando para a humanidade discípulos da envergadura intelectual de Antístenes, Xenofonte e Platão. No contexto, Aristóteles forçou explicar os fenômenos astronômicos sob o viés do geocentrismo cosmológico de Eudoxo (ex-aluno de Platão), em contraponto a Aristarco que caminhou pela instigante tese do heliocentrismo.

Um milênio após essas apoteóticas realizações gregas, ocorreu, na Europa, a desagregação do Império romano, no século V, e a liderança cristã surgiu como elo de agregação dos “bárbaros invasores” e se transformou em Igreja soberana absoluta dos destinos “espirituais” no Ocidente. Nas suas hostes se destacaram pensadores quais Clemente, Orígenes, Tertuliano, Agostinho, ambos retomaram a filosofia platônica e contribuíram para a sustentação de uma ética rígida sob os auspícios da mística transcendente.

No século IX, o imperador Carlos Magno incrementou as bases culturais fundando escolas e templos, e, a partir do século XI, são disseminadas, na Europa, universidades que se tornaram núcleos de reflexões filosóficas. No século XIII, Tomás de Aquino se destacou, propondo a síntese do cristianismo vigente com a visão aristotélica do mundo. Em suas duas Summae(2), sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de então. No século XIV, a Igreja romana, sob os guantes tomasistas, entronizou uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundiram numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo ao Criador. A tese de Aquino afirmava que não podia haver contradição entre fé e razão e estabeleceu o pensamento filosófico-teológico manifesto na truculenta filosofia do “Roma locuta causa finita”.
Durante os séculos XV e XVI, intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. Enquanto nos séculos anteriores a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), a partir dos séculos XV e XVI, o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo). Os pensadores criticaram e questionaram a autoridade dessa autoritária Igreja romana. Nessa conjuntura a apropriação do conhecimento partia da realidade observada pela experimentação, pela constatação, e, por fim, pela teoria, decorrendo uma ligação entre ciência e técnica. No século XVII, a primeira grande teoria que se tem notícia na moderna ciência versou sobre a gravitação universal elaborada por Newton, desmembrada das leis dos movimentos planetários de Kepler e na Lei de Galileu sobre a queda dos corpos.
No século XX, Albert Einstein propôs a teoria da relatividade e outros pressupostos das teses newtonianas sobre a gravitação universal, chegando a conclusões inusitadas na abordagem sobre as realidades do micro ou do macrocosmo, sobretudo no que reporta a tempo e espaço na dimensão material. Até então, a física tradicional era considerada a chave das respostas da vida no mundo palpável, estribada no determinismo mecanicista. Todavia, na década de 1920, as pesquisas de Brooglie, Bohr, Plank, no universo da física quântica, redirecionaram o pensamento científico na formulação heisenberguiana do “princípio da indeterminação ou da incerteza” e com ele irrompeu-se um “irracionalismo” na ciência redimensionando a distância do homem das realidades naturais da vida.
O pesquisador não podia mais afirmar que nada existia na vida que a ciência não explicasse e que todas as coisas, fenômenos e ocorrências poderiam ser esclarecidos através de causas materiais. Em meio a essas trajetórias históricas, surge, no cenário terrestre, no século XIX, a personalidade luminosa de Allan Kardec, que, inspirado pelos Benfeitores do Além, sentenciou: “Fé verdadeira é a que enfrenta frente a frente a razão em qualquer época da humanidade”, esclarecendo os enigmas que desafiavam as inteligências daqueles mesmos que confiavam nos determinismos tecnicista do nec plus ultra acadêmico.
Quem somos? Por que nascemos? Donde viemos e para onde vamos após a desencarnação? Eram questões que o racionalismo acadêmico não respondia na época. O Espiritismo surgiu num momento de descobertas científicas e desequilíbrios morais, trouxe luz à própria razão que estava nublada momentaneamente pelos excessos dos seus arautos. Os primórdios da investigação científica tiveram início com a revolta contra a intolerância e o dogmatismo religioso, mas a arrogância do racionalismo fê-la camisa de força do conhecimento, arremessando-a nos mesmos descaminhos trilhados pelo agressivo e alienante dogma da Igreja.
O mestre de Lyon afirmou em outras palavras que “o Espiritismo independe de qualquer crença científica ou religiosa e não propõe fora do Espiritismo não há salvação; tanto quanto não pretende explicar toda verdade, razão pela qual não propôs - fora da verdade não há salvação”(3). Os preceitos kardecianos consubstanciam-se no manancial mais expressivo das verdades eternas. A missão da Doutrina Espírita perpassa pelo processo de reerguimento do edifício desmoronado da crença cristã.
Distante dos conflitos ideológicos, resultantes de batalhas estéreis no campo intelectual com o objetivo de endeusar o racionalismo para justificar “certezas” das chamadas ciências “exatas”, a lição espírita, como ciência da alma, representa o asilo dos aflitos que ouvem aquela misericordiosa exortação do Mestre: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Porém, para que sejamos consolados, urge estarmos dispostos acompanhar o Cristo tomando-Lhe a cruz e seguindo Seus passos.


Fonte:
(1) O materialismo teve seu berço na escola dos Charvacas, na Índia.
(2) São elas a Summa Theologiae e a Summa Contra Gentiles
(3) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, cap 15 item 9

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